Terça-feira, 24 de Junho de 2008

AS CARCAÇAS ABANDONADAS
Andam por aí espalhados
Estão velhos e degradados
Cheios de ferrugem e de lixo
Ao chão estão colados
Ocupam os poucos lugares que há
Votados ao abandono
Vão entupindo os parques
Sem dignidade nem dono
Espalhados pela cidade
Não têm rodas e não têm vidros
Servindo de dormitório
São o lar de alguns mendigos
Muitos já criaram raízes
Nas ruas de Portimão
Sem rodas e com os vidros partidos
Assentes em blocos e no chão
É uma imagem degradante
Para quem nos vem visitar
Lembra um cenário de guerra
E o espaço público estão a ocupar
Luís Pragana
24-06-2008
O REGRESSO DAS MÚMIAS
À RIBALTA
É o cheiro a cloreto e o bolor espalha-se no ar
Estão de volta os parasitas
Os sabichões e os economistas
Que o país ajudaram a pendurar
Os barões estavam já fartos
E cheiinhos de bolor
Querem ao activo voltar
Seja a que preço for
Já não sofrem de amnésia
Mas a traça estava a entranhar
Como não aguentavam a naftalina
Resolveram vir apanhar ar
Mas o nosso povo está cansado
De estas múmias limpar
São sempre os mesmos a procriar
E ainda temos que os aturar
Mas não serão estes mamarrachos
Que o país irão endireitar
Podem mudar as varejeiras
Mas a porcaria acaba por entranhar
Fartos de ser enganados
Nas eleições iremos demonstrar
Que Portugal merece mais
Andam connosco a brincar
É urgente arranjar alternativas
Gente nova tem que na política entrar
Não há político pobre
Só o Zé povo está a agonizar
Luís Pragana
24-06-2008
Quinta-feira, 19 de Junho de 2008

A ESPLANADA
Mas que manhã maravilhosa
Sento-me numa esplanada para um café tomar
Olho as pessoas à minha volta
A sussurrar e a lamentar
Há quem esteja triste outros estão calados
Também há os fala-baratos
Aqueles que olham, para todo o lado
Bisbilhotando não passam de uns frustrados
Sentam-se negros com burburinho
Chamam o garçon pedem imperial
Vêm dois idosos devagarinho
Bebem o café e querem o jornal
É uma manhã bastante agitada
E o garçon não tem mãos a medir
Mas de repente entra um drogado
Atira com ele e pôs-se a fugir
Vem um polícia acelerado
Atrás do drogado vai a correr
Mas como está gordo e um pouco cansado
A este homem já não o volta ver
Luís Pragana
19-06-2008
Terça-feira, 17 de Junho de 2008

PORTUGAL – REP. CHECA
Não havia ainda 10 minutos
E Portugal já marcava
A orquestra estava em sinfonia
E o maestro a bola enfiava
Mas a nossa orquestra desafinou
Alguns instrumentos começaram a falhar
Os checos afinaram o som
E aos 17 minutos com Sionco a marcar
Mas a orquestra afinou o teclado
E Deco estava lá para a orquestra comandar
E agarrou na batuta aos 63 minutos passou a Cristiano
Que pôs Portugal novamente a cantar
E os portugueses vibravam
Com este som espectacular
Já no final da partida Ronaldo passou o instrumento a Quaresma
Que acabou por o som aumentar
E assim os nossos músicos
Deixaram Portugal a cantar
Foi uma oferta para todos os portugueses
Que esta música gostam de tocar
Luís Pragana
11-06-08
À BEIRA DO ABISMO
É com frequência que se vê deambulando
São o reflexo desta sociedade desumanizada
Parecem mortos vivos do lixo se vão alimentando onde o egoísmo é rei
E o resto não conta para nada
Cada vez são mais os excluídos da sociedade em cada dia que passa
São a nódoa negra da civilização
Mal trata quem produziu riqueza
E trata bem os senhores da especulação
Em constante movimento
Acentua-se a degradação e a pobreza
Com o mundo em modificação
A doença e a tristeza
Começo sinceramente a ter medo do que por aí vem
O crime violento tem aumentado
Os assaltos e o nível de vida como está
Sem futuro e sem rendimento qualquer um tem que estar preocupado
Urge desmistificar e arranjar solução
Se não qualquer dia destes teremos que dar razão
A todos os que se têm mostrado indiferentes
Num país onde a crise parece não ter solução
Não queremos voltar atrás no tempo
Será o regresso aos bairros da lata
As pessoas endividadas e sem trabalho
Terão de deixar de pagar as casas e ir viver numa barraca
Mas parece que só o governo não dá conta de como as famílias estão falidas
E as que não estão à beira de um triz
Esta politica de saqueamento
Está e deixar este país como se diz
O caos aproxima-se a passos largos só os espertalhões sobrevivem
Mas os burros também estão condenados
Se cairmos no abismo
Também eles estarão lixados
E não sairá deste sufoco
Se nada se fizer para o desmoronamento travar
O país continuará a empobrecer
E do fundo do abismo se irá afundar
Luís Pragana
17-06-2008