Quinta-feira, 24 de Abril de 2008
ABRIL, 34
Gritou-se liberdade, liberdade
Nesse mês de Abril de 74 aconteceu
Explodiu a multidão em alegria
E este povo oprimido agradeceu
O tempo passou a correr
Abril tem andado disperso
Confuso e adormecido
Ansiando pelo seu regresso
Porque Abril continua vivo
Muitos bem tentaram enterrá-lo
Mas o seu espírito está vivo
Era preciso reactivá-lo
Sem Abril nem sequer
Poderia estas simples palavras escrever
Darei sempre vivas à liberdade
Enquanto me deixarem fazer
Viva o 25 De Abril
A liberdade é termos capacidade de aceitarmos
que todos têm direito a serem diferentes
Luís Pragana
24-04-2008
Terça-feira, 15 de Abril de 2008
O LINCE DA MALCATA
Era rei e senhor desse território
Tive ainda o privilégio de um ver
Numa ajuda que os bombeiros da Guarda deram aos do Sabugal
Quando a Malcata estava a arder
Já passaram trinta e poucos anos
Mas ainda hoje consigo ver
Esses olhos negros que me miravam
Que até me fizeram estremecer
O animal estava preso
Não se conseguindo libertar
Num emaranhado de vegetação
Tivemos que o ajudar a soltar
Assim que se sentiu livre
Num repente desapareceu
Mais parecia um foguete
E por essa serra se perdeu
Era um gato gigante
Nunca vira nada igual
O meu companheiro dizia que era um lince
Mas eu dizia que ele estava a bater mal
Foi sem duvida uma experiência única
Que com o tempo se escondeu
Veio-me novamente à memória
Quando o centro de reprodução do lince da Malcata desapareceu
Já é hora do distrito se unir e pedir a autonomia
E lutar contra esta devastação
Tudo tem desaparecido na nossa região
Porque qualquer dia até os castelos e monumentos também vão
(esta é uma passagem verdadeira que se passou comigo
quando fui bombeiro voluntário )
Luís Pragana
15-04-2008
Quarta-feira, 9 de Abril de 2008
OS FÓRUNS ONLINE
Escrevo quadras que dão voz
Viradas para o cidadão
Não sei se é poesia
Mas cria certa confusão
Divulgo alguns defeitos
No meio da podridão
Passei a persona-non-grata
Em certos meios de divulgação
Enviava para alguns fóruns
Que ao longo do tempo desapareceram
Outros acabaram com as páginas
Os leitores é que perderam
Alguns ainda resistem
Até quando não sei bem
Ainda tenho a possibilidade
De ir escrevendo o que sei também
Sei que não é fácil manter
O meio de informação sem apoios a ajudar
Mas se as entidades ajudassem os jornais online
As empresas e as regiões ficariam a ganhar
Vão atravessando fronteiras
Sem qualquer limitação
Divulgam os produtos e as empresas
E a região entra noutra dimensão
Mas quem sou eu para opinar
Sou apenas um cidadão
Que se atreve a divulgar
Porque os que têm obrigação acabam por se calar
Sabemos que a ignorância
É a melhor forma de controlar
Quanto menos informados estiverem os cidadãos
É mais fácil manobrar
Não serei um especialista
Mas pelo menos sou original
Escrevo o que me vai na cabeça
Sou uma pessoa natural
Luís Pragana
09-04-2008
Segunda-feira, 7 de Abril de 2008
A TOCHA OLÍMPICA
A chama da frustração
Já iniciou a caminhada
Pelos países por onde tem passado
Tem sido bem contestada
Os defensores dos direitos humanos
Têm aqui a oportunidade
Com o seu esforço contribuir
Agora que o Tibete se pode fazer ouvir
O governo chinês bem tenta
As manifestações do Tibete abafar
Deitando as culpas ao Dalai Lama
Pois não estão interessados em negociar
Agora que União Europeia
Podia ter aqui uma palavra a dizer
Podiam fazer pelo Tibete
O que durante anos andaram a esconder
Andam preocupados com a independência do Kosovo
Um país que não tem pernas para se mexer
O Tibete com 2500 anos de independência
Estes hipócritas não consigo entender
Só com o poder económico que a China tem
Este problema do Tibete conseguem abafar
Pois o que é preciso é negócios
Que importa se os tibetanos estão a massacrar
Luís Pragana
07-04-2008
Quinta-feira, 3 de Abril de 2008
UM DISTRITO AO ABANDONO
O Distrito da Guarda está triste
Pouco a pouco tudo perdeu
Foram as fábricas e os serviços
E até as urgências deu no que deu
Terra de gente humilde e sofredora
Pouco a pouco vai-se degradando
Com uma agricultura de subsistência
Só com os idosos vai funcionando
A partir da década de sessenta
Começou a debandada
Com a emigração para a Europa
Que nunca mais parava
As povoações estão sem vida
Muito pouca gente hoje têm
Os jovens estão de partida
E os reformados vão e vêm
Noutros tempos comeros e as lameiras
Eram todos semeados
Até nos pontos mais altos semeavam centeio
Hoje estão queimados tristes e abandonados
Região com muito barroco
De granito claro e azulado
Cada vez mais desertificada
Graças aos sucessivos governos que nos têm ignorado
Do alto da cidade mais alta
Olhava-se ao seu redor
Eram soutos de castanheiros matas de pinheiros e carvalhos
Hoje olhar até causa dor
O progresso e os fogos tudo levou
Hoje a vista é bem diferente
Onde antes existia o verde
Existe uma paisagem deprimente
Luís Pragana
03-04-2008